Padre Pedro reúne especialistas para debater potencial das PANCs no enriquecimento de dietas
Projeto prevê incorporação das plantas nas merendas escolares, promovendo educação alimentar e sustentabilidade

Padre Pedro reúne especialistas para debater potencial das PANCs no enriquecimento de dietas
Encontro discutiu ganhos nutricionais
A divulgação de conhecimentos sobre as chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) foi o tema de um seminário realizado nesta segunda-feira (6), no Plenarinho Paulo Stuart Wright, em alusão ao Dia Internacional da Alimentação Saudável (16/10).
A iniciativa do deputado Padre Pedro Baldissera reuniu especialistas e entusiastas do tema, valorizando o potencial dessas plantas em enriquecer dietas, especialmente para populações de baixa renda, com redução de custos e ganhos nutricionais.
Padre Pedro é o autor do Projeto de Lei 537/2025, que institui a Política Estadual de Incentivo ao Cultivo, Pesquisa, Utilização e Comercialização das Pancs, com enfoque prioritário na valorização gastronômica. A proposta prevê a incorporação dessas plantas nas merendas escolares da rede estadual, promovendo educação alimentar e sustentabilidade.
“Temos que aproveitar esses alimentos, que a natureza nos dá de graça”, afirmou o parlamentar.
O evento contou com a presença do superintendente regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, José Fritsch.
Plantas indicadoras, conhecidas e subutilizadas
Cinco expositores abordaram a importância das PANCs e da chamada alimentação viva, com discussões sobre soberania alimentar e plantas medicinais.
Os participantes também estiveram em uma oficina de degustação de PANCs, conduzida pela nutricionista Clea Bregue Daniel.
A pesquisadora Denise Rodrigues destacou a importância das chamadas “plantas indicadoras” — espécies espontâneas e comestíveis amplamente conhecidas, mas subutilizadas na culinária convencional.
Essas plantas, encontradas em quintais e terrenos baldios, são ricas em nutrientes, resistentes a pragas, de baixo custo de produção e podem fortalecer a segurança alimentar e nutricional, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental.
Transmissão de conhecimento geracional
O uso das Pancs promove uma alimentação mais sustentável, valoriza o saber popular e reforça programas de combate à fome. Seus cultivos podem gerar renda para agricultores familiares e incentivar a preservação da biodiversidade.
Essas plantas rústicas se adaptam a diversas condições de solo e clima, exigem poucos insumos e podem ser cultivadas até em ambientes urbanos.
A pesquisadora Juliana Amaral, especialista em alimentação viva pela Fiocruz, destacou que o consumo de alimentos naturais e não processados melhora a saúde e o bem-estar, ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente.
Ela alertou para os riscos dos alimentos ultraprocessados e do uso excessivo de agrotóxicos, que, segundo ela, podem estar relacionados ao aumento de transtornos como autismo e TDAH.
Diversificação e hortas urbanas
A enfermeira e produtora rural Noeli Pinheiro apresentou técnicas para incluir PANCs nas hortas domésticas e urbanas. Entre as espécies mais conhecidas, destacou: ora-pro-nóbis, mangarito, capuchinha, moringa, vinagreira, cariru, taioba, folhas de beterraba e flores de abóbora.
Experiência em culinária hoteleira
A coordenadora pedagógica da Escola de Turismo e Hotelaria da CUT em Florianópolis, Aline Salami, relatou experiências com trabalhadores e alunos no cultivo de hortas e Pancs, promovendo diversidade e troca de saberes.
Essas práticas também são aplicadas no Hotel Canto da Ilha, na Cachoeira do Bom Jesus, onde as plantas são utilizadas em receitas e cardápios da cozinha local.
A importância das plantas medicinais
O naturalista Alesio dos Passos Santos, servidor aposentado da Alesc e conhecido como “bruxo das plantas”, apresentou uma exposição sobre espécies medicinais.
Entre elas, destacou a espinheira santa, símbolo da medicina tradicional catarinense conforme a Lei 15.674/2011, consolidada pela Lei 17.308/2017, de autoria do deputado Padre Pedro.
A planta é usada para tratar problemas gastrointestinais como gastrite, úlceras, má digestão e azia, devido à sua ação protetora e cicatrizante da mucosa gástrica. Também alivia gases, combate a bactéria H. pylori, e possui efeito diurético e propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Perguntas Frequentes
1) O que são as Pancs?
Plantas com potencial alimentício fora do hábito; muitas são espontâneas, nutritivas e de baixo custo.
2) Quais são alguns exemplos?
Ora-pro-nóbis, taioba, moringa, mangarito e capuchinha; fáceis de cultivar em hortas domésticas.
3) Qual é o objetivo do PL 537/2025?
Instituir a Política Estadual de Incentivo às Pancs (cultivo, pesquisa, uso e comercialização), priorizando merenda escolar e educação alimentar.
Texto: Pedro Schmitt/Agência AL
Fotos: Daniel Conzi/Agência AL




